terça-feira, 8 de novembro de 2011

Silvio Brito: show do cantor conquista público garcense


A sexta-feira 4 ficou como um marco para muitos. Mais que um dia de ir ao teatro, foi o dia de assistir o show do cantor Silvio Brito. O ícone dos anos 70 estaria em Garça para deleite de inúmeros fãs. 
Na fila para entrada na Sala Miguel Mônico, já tinha uma mostra do que seria o espetáculo. Cheguei, como sempre cedo, para assegurar meu lugar de destaque. Fui sozinha, já que minha companheira, fotógrafa, filha e amiga tinha outro compromisso. Tinha ensaio no Ballet. Fui sozinha, não fiquei sozinha. Muitos chegaram antes de mim. Entramos no reino mágico chamado Sala Miguel Mônico e, do meu lugar pus-me a observar o público. 
Uma geração de "entas" se misturando com a trupe do século 21. Entre as duas, muitos remanescentes do século 20. A turminha que chegou ao mundo nos anos 90, quando Silvio Brito já era mais que consagrado.
A expectativa da senhora ao lado era por mim compartilhada. Queríamos o inicio do show, enquanto muitos ainda chegavam ao local. Leandro Ouros - o homem do rádio - certamente tocou muito Silvio Brito em seus programas e não poderia faltar ao espetáculo. Leterio Santoro e a família. Mais uma vez Fátima se fez presente. Maria Clara Seabra. Jonatan (não vou me preocupar com a grafia). Procurei entre os presentes por Emerson Mônico e o vi, na companhia de seu inseparável caderno de autógrafos. Uma relíquia que traz a marca de todos que passaram pelo local.
Que bom seria que em todos os espetáculos fosse possível ouvir o burburinho da sala cheia. Que bom seria também que os pais explicassem aos filhos que os bancos são para sentar e não gangorrear. Que bom seria que os pais também aprendessem que papéis de bala devem ter o destino certo, e, certamente, não era o chão da Sala Miguel Mônico. Mas, como diria Silvio Brito "vai melhorar".
Senti a ausência da minha companhia, mas o encanto da Sala conseguiu superar o sentimento. O espetáculo começou (acho que continuou) e no telão eu vi as vidas de Silvio Brito, que dividiu comigo um pouco de sua história. Vi amigos famosos, que um dia segui, e que por muito tempo esqueci. Revi Bolinha, Flavio Cavalcante, Pena Branca e Xavantinho, Mussum, Zacarias. Celebridades. O telão apresentou o cantor e sua sensibilidade. Sua roda de amigos. 
E num show que ele fez para, por e com os amigos, me senti inteiramente à vontade. Começava o momento de reviver sonhos fantásticos, emoções, esperanças, alegrias. As dele, as minhas, e asseguro que, a de muitos presentes. E o cantor apresentou ao público o Show Minhas Vidas. 
E no palco Silvio Brito, ora romântico, ora místico, sempre irreverente, foi compartilhando com sucessos que marcaram épocas. Junto com Maestro Maurílio Kobel e a esposa Margarita Rivas de Brito, fizeram uma linda festa.
Ao mesmo tempo em que dividiam conosco músicas cujas letras continuam tão atuais e tão contestadoras, ele dividia um pouco mais de si. 
E assim aquele público, formado de "entas" de cabelos brancos, foi soltando o corpo e se deixando levar pelas canções.
Ao ver pelas costas o senhor sentado a frente, bestamente pensei numa frase ouvida há algum tempo - "os canalhas também envelhecem". Hora inapropriada para tal pensamento, mas nem sempre é possível coordená-lo ou controlá-lo. No entanto, ao ver o brilho de seus olhos, a alegria de sua face sulcada pelos anos e a emoção com que acompanhava o trio tive a grata confirmação de que os românticos jamais envelhecem. 
Certamente aquele homem muito amou e foi amado ao som de Silvio Brito.
Do meu lado o pai que trouxe junto os filhos e a esposa, deixou a sisudez inicial. Não resistiu aos embalos e acredito que mostrou uma face desconhecida dos pequenos. O homem sério de óculos e bigode, com o peso um pouco acima da média, sorria e cantava. Balançava o corpo no ritmo da melodia. Sorria e se mostrava feliz. 
E Silvio Brito foi fazendo uma fantástica viagem no tempo. Embarcamos no mesmo trem. Cantamos, rimos, dançamos. Todos, os "entas", a turminha do século 21, os remanescentes dos anos 90, se animaram, cantaram. Jonatan e Maria Clara que não conheciam o cantor (pensavam nele como uma referência brega de seus pais), gostaram. Se renderam a poesia contestadora das letras, como também a melodia romântica. Riram dos causos. Sentiram o amor. Sentimos.
E ainda, quando estavámos nos deliciando com o espetáculo, com tantas músicas já ouvidas, cantadas e lembradas (Careca, Sem Dente e Pelado; Ta todo mundo louco; Pare o mundo que eu quero descer; Se voce voltasse agora), Silvio Brito vem e diz: "Espero que seja este o melhor show da minha vida".
Se ele ali no palco desejava que fosse o melhor, eu tive a certeza que teria o melhor. Tivemos. E mais sucessos foram cantados. Em inglês, em francês, em italiano, em português. 
Ao som do violão, do piano, da guitarra. Com óculos da época, ora rosa, ora azuis, ora brancos. Saciado a sede com água ou a vinho. Tivemos o melhor. 
Dos anos 60 - época que segundo Silvio Brito - foi momento de buscar as verdades, se encontrar, ouvimos "Alegria, Alegria". Ouvimos a Jovem Guarda. Ouvimos os Beatles. Ouvimos "La Bamba" e chegamos ao "Espelho Mágico".
Nesse momento a minha pergunta era: "Espelho meu, espelho meu, diga se no mundo existe alguém, mais livre do que eu". Era assim que me sentia. Livre.
E Silvio Brito, Maestro Maurilio e Margarita continuavam com a festa no palco. 
Silvio dividiu de forma irreverente mais um pouco de sua trajetória. Falou da depressão, da vida, da mídia, da música feita para a filha - A Terra dos Meus Sonhos - , numa estrada de Araçoiaba.
Falou da experiência de cantar num hospício. Me fez pensar em quem realmente é louco. 
E ali, no palco da Sala Miguel Monico o cantor confessou que 1981 foi para ele o ano do renascimento. Momento de se voltar para coisas que vão além. Da necessidade de estar preparado para isso. Cantou "Pacato Cidadão".
Silvio Brito falou do amor e suas facetas. Do amor amigo. Do amor pai e filho. Do amor a natureza. Do amor homem/mulher.
E realmente, quem não me reconhece, não me merece. E a majestadade na Sala Miguel Mônico lembrou o rei Roberto Carlos. Cantou "Esqueça".
E assim, o tempo que voltou no tempo, parou. Não senti o tempo que passou. Senti o amor. Quando ele cantou "Eu Sou", soube o que eu era: alegria. E ainda o ouço dizer que onde chega o sentimento, não chega o saber.
Silvio Brito também falou da amizade e lembrou que para ter amigos é preciso ser amigo e que a amizade é o avesso da solidão. 
Cantou "Cidadão".
E quando ele não mais cantou, presenteou o público com uma linda poesia - desta vez falada e não cifrada -. Recebeu homenagens, mas mais nos homenageou. Nos presenteou com sua alegria, simpatia, atenção.
Distribuiu autógrafos. Sorriu. Dançou. Mostrou os ritmos da época. Caracterizou. Encantou. Foi um louco. Docemente louco.
Tudo me pareceu um encantador recital.
Show na Sala Miguel Monico dura mais de duas horas
Na sexta-feira Silvio Brito trouxe para todos que compareceram a Sala Miguel Monico o melhor da música nacional e internacional, com músicas marcantes e que fizeram época. 
Procurou dar o melhor e quando questionado se foi o melhor show de sua vida, o cantou não titubeou em responder.
"Foi um dos melhores, mas posso dizer que foi o mais emocionante. Emoção. Foi emocionante", confessou ele. 
Sem se dar conta do tempo, Silvio Brito, Maestro Maurilio Kobel e Margarita ficaram no palco por quase duas horas e meia. Um show de arrebentar, que conquistou a todos os presentes e mereceu aplausos em pé.
"Foi um momento importante. Um show muito bonito. Tive o prazer de tocar piano que é uma coisa que quase não faço nos shows. Foi um show inusitado, com a participação do público. Quero voltar com toda a banda, trazer sentimentos e alegria", falou o cantor. 
Segundo Margarita, dificilmente Silvio Brito toca piano nos shows, mas logo que foi ao palco da Sala Miguel Mônico decidiu que tocaria em Garça.
"Ele viu o piano e disse que ia tocar. Que queria tocar. Ainda tem toda a história deste piano que conta com a participação da comunidade", disse ela. Uma história que Silvio Brito lembrou durante o espetáculo.
A presença do cantor em Garça se deu através do Circuito Cultural Paulista - parceria entre Prefeitura e Secretaria de Estado da Cultura - e em 38 anos de carreira - sob o nome Silvio Brito - o cantou comentou que é a primeira vez que faz parte de um projeto. Foi para ele uma oportunidade de conhecer o trabalho. Um momento importante , visto que o projeto conta com a dedicação de funcionários, de toda uma equipe.
"É um projeto que fascina. Tenho que dar os parabéns a todos. Agradeço as pessoas que compareceram, ao prefeito Cornélio e sua esposa, a imprensa", disse ele.
Na Sala Miguel Mônico, Silvio Brito dançou, cantou, tocou piano, interagiu com o público de forma diferenciada, mostrou um pouco da irreverência que o levou a uma carreira de sucesso. 
"O cantor irreverente é o que mais atinge o público, foi como fiz maior sucesso. Em 1974 fiz a música "Tá todo mundo louco". Foi uma música irreverente, fiz shows em hospicios, mas é importante dizer que a música atinge toda faixa de idade e público", disse Silvio Brito, confessando que o convite para cantar em um hospício a principio o deixou apreensivo, mas depois foi possivel ver a unificação que a música faz. O cantou salientou que a música nunca se restringe a um aspecto nacional. É um trabalho livre, onde fala de maneira geral.
O ser humano, falou Silvio Brito, está perdendo espaço dentro da sociedade. Tudo virou um grande negócio.
"Tudo hoje virou um grande negócio. As ONGs, a religião. Em tudo só se busca pelo lucro, pelo resultado. Saímos de uma ditadura militar para uma ditadura econômica. Não acredito em revolução, em guerras. Acredito na evolução do ser humano", fala o cantor mostrando a mesma consciência que nos anos 70 levou para as suas músicas. A mesma consciência que o levou um dia a escrever "Terra dos meus sonhos" e "Chega".
E ao longo de sua carreira, Silvio Brito vai agregando amigos, vai conquistando fãs, vai construindo e reconstruindo histórias. Vai buscando a evolução.
No rol dos amigos a pessoa de Karina Moreti que de Pirajui procura seguir o cantor por onde ele vai. 
Karina que é funcionária pública de profissão, jornalista de formação e musicista por vocação, (definição feita por ela própria) também é responsável pelo blog que traz um pouco da história do cantor - www.cantorsilviobrito.blogspot.com - e esteve em Garça para mais uma vez prestigiar os amigos e o ídolo. 
E um outro ponto bom foi no dia seguinte encontrar com Jonatan - o adolescente de 16 anos que nunca ouvira falar de Silvio Brito - confessar que chegando em casa foi "navegar" e descobrir mais sobre o artista que na sexta-feira o encantou com o show "Silvio Brito Show de Música - "Uma História Bonita e Feliz".
Texto e fotos: jornalista Doralice Ribeiro 
Fonte:http://www.garcaonline.com.br/?portal=gonline&gonline=noticia&CD_NOTICIA=11110




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